Essência
Cada pessoa é única e importante para todos os processos que faz parte. É estando em relação que ela desenvolve seu ser, como numa dança entre o mundo interno e externo. Entre conflitos e superações, ela se torna capaz de ver a si mesma de forma mais madura, ampliando sua visão de mundo e dos outros. Ao acolher as diferenças e se acolher nas diferenças, ela desenvolve a capacidade de dar o melhor de si em suas diversas relações.
Acredito que para viver uma vida autêntica é necessário transformação criativa. O trabalho de transformação acontece em ciclos constantes que, com a experiência e o aprendizado de si e do mundo, apontam sempre para um novo começo, mais estimulante e pleno.
Abordagens Terapêuticas
As abordagens que sustentam minha atuação são parte de minha trajetória pessoal, pois meu autodesenvolvimento e experiência própria é de fato minha maior força para atuar no meu ofício.
A terapia ocupacional, como formação acadêmica, traz o olhar para o ser humano como ser que está em constante ação e que se faz ser humano por meio de suas realizações. Baseada na neurologia e na ciência ocupacional, essa abordagem proporciona um olhar prático para o entendimento das necessidades como ser humano e como estar na vida, seja ela qual for.
O trabalho sobre si -- um conceito de George Ivanovitch Gurdjieff (1866 -1949) -- passa pelo desenvolvimento dos estados de consciência em todos os níveis. A evolução da consciência é possível a partir do conhecimento do Ser, que, por sua vez, leva ao Grande Conhecimento. O conhecer-se, no entanto, não significa olhar para fora, mas surpreender-se em um momento de plenitude. Nesse momento, não há mais dentro e fora, mas, sim, uma presença em mim. O conhecer quer dizer ser.
O ensinamento de Gurdjieff está diretamente conectado ao Sufismo, o esoterismo islâmico. Esse caminho traz uma visão profunda e integrativa do indivíduo em que a devoção e o espiritual são partes inseparáveis da constituição psíquica, do desenvolvimento do ser e da consciência. O ego é parte do ser humano enquanto matéria na vida terrena. Nessa perspectiva, o caminho de redução do ego é o método de desenvolvimento da essência, sendo, portanto, tanto um processo de autoconhecimento quanto um caminho espiritual. O despertar acontece, assim, a passos lentos, a cada dar-se conta e a cada desejo de ir além de si mesmo.
A Gestalt Terapia é uma abordagem terapêutica fenomenológica desenvolvida por Fritz Perls. Cláudio Naranjo, aluno de Perls e com quem aprendi, continuou a evolução da Gestalt Terapia.
Na concepção de Naranjo, existe um respeito pela questão da pessoa. Mais que uma intenção de efetuar mudanças, trata-se de uma postura de aceitar a pessoa tal como é.
Viver o presente é estar na vida como um processo e vivê-la é tudo que se necessita para manter o fluxo. Logo, uma mudança acontece por meio da presença, quando a pessoa se torna consciente de sua própria responsabilidade. Por ser responsável por si mesmo, o indivíduo aprende pela simples experiência de ser, não necessitando buscar ser o que não é.
Ser Gestalt Terapeuta é estar atenta ao fenômeno, ser afetada pelo que passa, se fazendo presente ao acompanhar a presença do outro em sua jornada de autodescoberta. Na Gestalt Terapia, o valor está mais na ação que nas palavras, mais na experiência do que nos pensamentos, mais no processo vivo da interação do que nas crenças influentes.
A constelação familiar traz a visão sistêmica ampla e fenomenológica que olha para a pessoa como parte de um sistema que influencia as ações e os sentimentos não só dela, mas de um grupo de pessoas. Bert Hellinger, o fundador desse conhecimento, afirma que a compreensão sobre o que é a constelação familiar evoluiu com o tempo. Rupert Sheldrake fala em campos morfogenéticos para explicar a atuação e o efeito da constelação sistêmica. Os campos morfogenéticos são um campo de força em que certos padrões que estavam ali continuam agindo através do tempo, por meio de compulsão, ressonância e repetição. De dentro da força do campo, não existe nenhum impulso próprio que rompa com essa tendência. Para rompê-lo, é necessário poder sair desse campo, adentrar um nível mais elevado e dali iniciar o novo, expondo-se a ele corajosamente.
Desta forma, a constelação é um processo vivo que exige da pessoa força e coragem para se expor a essa descoberta e transformação. A transição para um nível mais elevado de consciência tem algo de religioso no sentido em que o indivíduo se entrega a algo maior que ele mesmo. O sujeito se dispõe a desprender-se de uma visão estreita, a passar a algo mais amplo e a confiar que este algo maior o oriente.
Nesse processo, o constelador se coloca e atua como um filósofo, ou seja, como aquele que investiga a essência a partir da multiplicidade de fenômenos. Ele se expõe àquilo que se revela simplesmente assim como é e se torna internamente vazio, sem intenções, sem medo e sem lançar mão de um conhecimento anterior. Então, como um relâmpago, o próximo passo essencial lhe é revelado e ele o dá. O conhecimento da essência jamais é uma verdade generalizada. É apenas uma indicação em relação ao próximo passo que é possível e que precisa ser dado. Quando esse passo é dado, tudo começa de novo.
Por trás das abordagens técnicas propriamente ditas, há as bases transversais para todos os processos. Uma dessas bases é o corpo físico, aqui e agora, onde tudo acontece. Corpo que sente, move, guarda, e que contém toda a existência. Trata-se do corpo como origem da autopercepção, da memória, das sensações, do movimento; o corpo veículo através do qual emerge a compreensão profunda do Ser.
A natureza, por sua vez, é transversal a tudo. É o ambiente ao qual o ser humano pertence e faz parte, onde há a conexão com algo maior e a sustentação primeira da vida. O caminho da natureza significa ter a natureza como guia na jornada da vida. Seja em um retiro imersivo na natureza, seja uma meditação ou apenas a contemplação, a conexão com a natureza faz parte dos processos tanto como resultado quanto como ambiente.
O poder da música sagrada, devocional e de grandes compositores é um apoio vital para o autoconhecimento e devoção. A música proporciona uma cura além da compreensão intelectual, um mergulho em si mesmo ou um apoio para ir mais profundamente na autoinvestigação.
Com base no conhecimento sufi e outras fontes, como Claudio Naranjo e a escola de Gurdjieff, o eneagrama sagrado é uma importante base para processos grupais e individuais. O eneagrama é um símbolo que oferece muitos ensinamentos, indo desde a cosmologia e o desenvolvimento do ego até o caminho de superação e a abertura à essência. Esse conhecimento proporciona uma compreensão sobre o um no todo, e o todo em um, assim como o possível desenvolvimento de si a caminho da evolução ou a involução.
Como consequência e integração de todas as experiências, mergulhei em projetos e processos colaborativos por ser essa uma oportunidade de receber choques pela convivência com a diversidade humana. Com essa intenção, integrei minha experiência no campo terapêutico com métodos de criação de projetos colaborativos, sendo Dragon Dreaming o conhecimento em que mais me aprofundei por ser o mais amplo e por integrar a pessoa e o ambiente de forma harmônica e essencial.